quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O Acordo de Paris passou pelo WhatsApp

Eram quatro horas da tarde de sábado em Paris, horário marcado para começar a plenária que sacramentaria o Acordo de Paris, o mais significativo passo para sustentabilidade no planeta desde as convenções da Rio92. Com todos os ministros e chefes de delegação de mais de 180 países já no plenário o presidente da COP ainda não estava presente e o inicio sessão começa a atrasar.  Como todas as plenárias nas ultimas duas semanas haviam começado na hora marcada o atraso chamou a atenção.

Imediatamente todos em nosso entorno começam a operar seus celulares e mobilizam seus grupos no WhatApp e em menos de dois minutos estava formado o consenso, os EUA haviam encontrado um problema com o uso da expressão "shall" no lugar de "should" numa determinada passagem do texto e pedia a correção mas a Nicaragua não concordava com a correção. Mais alguns minutos e o texto onde havia o problema é circulado pelo aplicativo entre as diferentes delegações e para representantes de ONGs e empresas para medir a temperatura. Em pouco mais de cinco minutos de consultas o Presidente da COP entra no Plenário e da inicio a sessão e o Acordo de Paris é aprovado por aclamação.

Este episódio da bem a dimensão da importância que as mídias sociais tomaram em nossa sociedade com destaque mais recente para  o whatsApp. Se na COP15 em Copenhagen víamos surgir o Twitter como ferramenta que permitia o publico em geral se informar sobre o que acontecia nas negociações na COP21 vimos um aplicativo permitir que milhares de pessoas participassem ativamente da construção do novo acordo interagindo com negociadores, especialistas, imprensa e os diferentes grupos de interesse.

Aplicativos como o WhatsApp vão muito além da mera troca despretensiosa de mensagens e fotos entre amigos, eles são instrumentos importantes de trabalho e interação para milhões de pessoas. Por isso é tão difícil de entender como uma decisão monocrática de um juiz pode penalizar milhões de pessoas que usam o aplicativo por conta do interesse de uma parte em um processo. Se pretende penalizar a empresa que mantém o aplicativo que o faça com multa ou outra medida de impacto específico na empresa, e não em toda massa de usuários. Se esta medida tivesse sido tomada na semana passada teria colocado em risco o acordo em Paris dada a importância que os brasileiros tiveram na formatação do acordo.

Mas que algumas horas sem o pin do aplicativo é bom... ah.. isso é :)