segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Marcha das Pessoas e a Cúpula de Clima

marcha-das-pessoas-cupula-do-clima
Na próxima semana, acontecerá em Nova York a Cúpula do Clima, convocada pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, com o objetivo de estimular o anúncio de ambiciosos compromissos dos países com a mitigação e adaptação as mudanças climáticas, que sirvam de alicerce para o novo acordo global de clima em gestação, que deve ser aprovado em dezembro de 2015, em Paris.
Na lista de mais de cem chefes de estado e de governo que confirmaram a participação na Cúpula – que acontece um dia antes da abertura da Assembleia Geral da ONU -, algumas ausências são sentidas como as dos Primeiros Ministros da China, Índia e Canadá e o Presidente Russo Vladimir Putin. A Presidente Dilma já foi confirmada pelo Secretariado da ONU, embora ainda não apareça em sua agenda. Sobre a mensagem e os compromissos que levará a Cúpula, ainda há mistério.
No dia 21 próximo, domingo que antecede a Cúpula, está programada uma enormeMarcha pelo Clima, inspirada na Marcha pela Paz e pelo desarmamento nuclear que reuniu mais de um milhão de pessoas no Central Park, em junho de 1982. Desta vez, além da marcha em NY, outras dezenas de marchas deverão ser realizadas em vários pontos do mundo, inclusive no Rio de Janeiro, como já noticiado no site do Planeta Sustentável.
A mensagem das mais de mil ONGs que organizam as marchas é simples: os lideres globais têm que assumir compromissos ambiciosos e corajosos para reduzir drasticamente as emissões globais de gases de efeito estufa e promover uma economia descarbonizada e inclusiva.
A uma semana dos eventos o que se vislumbra de compromissos inclui:
  • O anúncio de criação da Aliança pela Agricultura Inteligente (Aliance for Smart Agriculture), destinada a promover a agricultura de baixo carbono e que deve reunir cerca de 20 países e 20 grandes empresas e instituições internacionais como FAO;
  • Declaração sobre florestas que deve estimular mais acordos bilaterais e multilaterais para promover a redução de emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD). Duas parcerias bilaterais – nos moldes do Fundo Amazônia - entre países tropicais e a Noruega devem ser firmadas durante a Cúpula (talvez as ações mais concretas e ambiciosas desse encontro);
  • Acordo para promover o desmatamento zero no Brasil está sendo costurado com o envolvimento de ONGs e grandes empresas consumidoras de produtos agrícolas e florestais, mas ainda é incerto se será assinado durante a Cúpula;
  • Uma série de países e entidades empresariais deve reforçar a ideia de que é preciso cobrar pelas emissões de carbono, eliminar subsídio de combustíveis fósseis e usar os recursos para promover a economia de baixo carbono.
É pouco. Os sinais dados pelos lideres globais não são muito animadores. Não se vislumbra nenhum grande compromisso com a redução de emissões ou aporte de recursos para adaptação sendo anunciados da Cúpula.
Resta torcer para que os líderes estejam guardando as boas notícias para anuncia-las, de surpresa, na Cúpula ou mesmo em resposta à Marcha pelo Clima que antecede a reunião. Mas isso está mais para desejo esperançoso do que possibilidade real.

Publicado em Planeta Sustentável em 15.09.2014